Somos seres de memória. Cada passo que damos, cada escolha que fazemos, cada sentimento que experimentamos, tudo se apoia em nossa capacidade de lembrar. Sem a memória, seríamos meros seres expectadores da própria vida, incapazes de aprender com as experiências anteriores ou de projetar planos para o amanhã. Ela é o que confere continuidade à nossa existência, permitindo que nos reconheçamos ao longo do tempo e construamos uma narrativa coerente sobre quem somos. A memória é algo tão importante quanto a água para sobrevivência humana, pois sem a memória seria impossível aprender a realizar atividades básicas como: falar, escrever, reconhecer pessoas e objetos.
Como funciona nossa memória
Segundo o pesquisador alemão Hermann Ebbinghaus a memória é formada durante o período que estamos desenvolvendo uma determinada atividade. Por exemplo, quando somos crianças aprendemos inúmeras palavras que são repetidas inúmeras vezes, até que começamos a utilizá-las e elas acabam ficando armazenadas na memória. No entanto, se parássemos de ouvir ou de falar, esqueceríamos grande parte do que aprendemos. Isto acontece quando estamos aprendendo um novo idioma. Durante o curso, aprendemos uma série de palavras e frases novas, porém quando paramos o curso ou de usar essas palavras esquecemos grande parte do que aprendemos na primeira semana. Porém, a velocidade de esquecimento diminui com o passar das semanas. Uma vez que voltamos a estudar este idioma aprendemos mais rápido, por conta das informações que foram armazenadas na memória.
O psicólogo inglês Frederick Charles Bartlett foi além em seus estudos, e defendeu que a memória também está associada aos sentimentos e emoções que criamos ao longo da vida. O psicólogo em seus estudos, pediu para que um grupo de pessoas lessem uma história e, depois de um tempo contassem o que lembrava da leitura. O resultado foi que cada pessoa do grupo contou a história de uma forma diferente, com uma interpretação e relevância dos fatos de acordo com a vivência, memórias criadas, e estado emocional de cada um naquele momento. Chegando à conclusão de que a memória é uma reconstrução dos fatos e não uma cópia fiel do que acontece realmente.
A memória se torna uma espécie de guardiã do presente, pois esclarece e traz informações importantes para evoluirmos e vivermos o presente. Neste sentido, a memória não é estática. Ela está em constante transformação, sendo reconstruída a cada evocação, influenciada pelas emoções, expectativas e conhecimentos atuais. Esse dinamismo nos permite rever e ressignificar o passado, adaptando-o às nossas necessidades e perspectivas do presente.
Mais do que um simples repositório de informações, a memória é o alicerce de nossa identidade. Nossas lembranças, experiências e memórias afetivas são o que nos tornam seres únicos, com trajetórias particulares e visões de mundo singulares. É por meio delas que nós definimos quem somos e nos expressamos no mundo.
Desta perspectiva, a memória é essencial para a própria noção de humanidade. Ela nos permite aprender com os erros, compartilhar conhecimentos, criar laços afetivos e planejar o futuro. Sem ela, seríamos seres fragmentados, incapazes de dar sentido e continuidade à nossa existência.
Portanto, cultivar e preservar a memória é um ato de profundo valor, pois é nela que reside a riqueza de nossas vidas, a trama que dá forma à nossa experiência no mundo.
Aqui eu deixo algumas sugestões de ideias interessantes para criar boas memórias em família
- Organizar atividades em conjunto, como:
– Jogos em família (tabuleiro, cartas, videogame, etc.)
– Passeios em lugares agradáveis (parques, museus, zoológico, etc.)
– Cozinhar receitas juntos
– Acampar ou fazer piqueniques
- Criar tradições especiais:
– Dia de pizza ou noite de cinema toda semana
– Celebrar aniversários e datas comemorativas com rituais especiais
– Viajar para o mesmo lugar nas férias
- Fazer álbuns de fotos ou vídeos com os momentos marcantes
– Adicionar legendas e comentários
– Envolver toda a família na montagem
- Reservar um tempo sem distrações para conversar e compartilhar
– Perguntar sobre o dia de cada um
– Contar histórias sobre a infância ou antepassados
- Estimular a ajuda mútua em tarefas domésticas
– Criar uma rotina de responsabilidades compartilhadas
– Elogiar quando alguém se empenha
- Manter um diário familiar com anotações sobre eventos importantes
– Pode ser físico ou digital, acessível a todos.
O importante é criar experiências positivas que envolvam a participação de todos e fortaleçam os laços afetivos. A atenção e o carinho são tão essenciais quanto as atividades em si.